quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Buscando a Presença Parte 1



Tenho saudades do calor da presença de Deus que enchia o ambiente dos cultos, há alguns 10 anos. Tenho saudades do tempo em que as pessoas não tinham sequer o interesse em saber quem estaria ministrando. Todos iam às reuniões buscando apenas uma coisa, a presença de Deus. A fome e a sede pelo Senhor eram intensas. Tenho saudades de voltar dessas reuniões em silêncio, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto e o coração ardia de amor por Jesus. Sentíamos o impacto do temor do Senhor.
O Espírito Santo agia com tanto poder, a presença de Deus era tão marcante, que as pessoas não queriam sair. Hoje os tempos são outros. A fome por entretenimento e popularidade parece ter sufocado a fome por Deus em alguns corações. O Espírito Santo é mesmo sensível e gentil como uma pomba. Quando não permitimos que Ele fale e atue com liberdade no nosso meio, Ele gentilmente se cala. Ah! que silêncio doloroso, quando nossos cultos são apenas cheios do barulho dos homens e vazios da presença e da voz de Deus! O próprio Senhor disse em Oseias 5.15: “Então voltarei ao meu lugar até que eles admitam sua culpa. Eles buscarão a minha face; em sua necessidade eles me buscarão ansiosamente.” Creio, porém, que em todas as ocasiões de sequidão espiritual, existem aqueles que não estão satisfeitos. Aqueles que não estão conformados com a situação de frieza ou de “mornidão” espiritual.
Davi foi um desses homens que decidiu colocar a presença de Deus no lugar que lhe era devido. Em 1 Crônicas 13.3 ele disse aos sacerdotes e a toda assembleia de Israel: “Vamos trazer de volta a arca de nosso Deus, pois não nos importamos com ela durante o reinado de Saul.” Davi caminhou em direção a esse objetivo e o cumpriu, e ainda que tenha cometido erros nesse processo (levou a arca num carro de bois, o que causou a morte de Uza), ele não estava satisfeito com as vitórias e bênçãos. Ele tinha fome por mais. Ele queria o Senhor.

Meditando a respeito da vida de Saul, podemos entender o que o levou a não se preocupar em trazer de volta a arca do Senhor, símbolo da presença de Deus no meio do povo.

1- A voz do povo
Saul foi rei sob a vontade permissiva de Deus, e não pela sua vontade suprema. O povo queria ter um rei sobre si “assim como as outras nações o tinham”, alegando que Samuel já estava velho e que não teria condições de continuar sendo juiz sobre Israel. Em 1 Samuel 8.7 o Senhor diz a Samuel: ”Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não tem rejeitado a ti; antes, a mim tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele.” O Senhor queria ser o rei sobre Israel naqueles dias. Ele queria ser conhecido do seu povo, reafirmar sobre Israel o seu caráter de santidade, depois de ter sido tão mal representado pelos antigos sacerdotes Eli e seus filhos Ofni e Fineias. O Senhor queria preparar o povo para o rei que ele já tinha escolhido: Davi. Ele seria um rei segundo o coração de Deus. Mas o povo se antecipou e quis “ser “como as outras nações. Deus então, escolheu Saul. Ele era um jovem bonito, que se destacava dentre todos os do povo, mas que não era o centro da vontade de Deus para Israel.
Algumas situações que tomam lugar na nossa vida podem parecer muito boas e cômodas aos olhos humanos, mas não são o centro da vontade de Deus para nós. Ele certamente permite que façamos nossas escolhas. Mas quantas delas expressam a vontade perfeita de Deus? A Bíblia diz que não sabemos orar como convém. Precisamos que o Espírito Santo interceda por nós com gemidos inexprimíveis. Jesus nos ensinou a orar para que o reino de Deus venha e a vontade dele seja feita na terra assim como ela é feita no céu. Para isso precisamos da ação sobrenatural do Espírito Santo. Precisamos de sua revelação. Precisamos do fluir dos dons e do poder do Espírito de Deus para que sigamos no centro da sua vontade.
Tenhamos cuidado! A voz do povo pode não ser a voz de Deus. Algumas lideranças querem tanto agradar ao povo, satisfazer ao povo, seguir as tendências comerciais e mundanas para atrair as massas, que calam a voz do Espírito Santo. Preferem usar as estratégias marqueteiras para terem suas igrejas e eventos cheios de gente. Mas nem tudo o que é popular e bem aceito pela maioria é o centro da vontade de Deus. No reino de Deus não vivemos uma democracia. Vivemos sob o senhorio de um Rei que precisa ser obedecido para que o Reino venha a se expandir sobre o reino das trevas.
Deus está levantando agora mesmo, pessoas que anseiam pela expansão do reino de Deus. Pessoas que têm fome e sede de que a vontade de Deus seja feita na terra assim como ela e feita nos céus. São pessoas que estão dispostas a não andarem conformadas com a maioria, mas a seguirem a vontade perfeita de Deus custe o que custar.

Uma das falhas notórias no caráter de Saul era sua insegurança quanto ao conceito que as pessoas tinham dele. Saul parecia não crer que obedecer a Deus e crer nele fosse o suficiente. Ele precisava desesperadamente da afirmação dos homens. Queria tanto ser alguém popularmente aceito, que acabou desobedecendo a Deus e perdendo sua dinastia. Sua insegurança o levou a ter um ciúme doentio de Davi, a ponto de tentar matá-lo por diversas vezes. O orgulho o levou a ruína.

No capitulo 13 de I Samuel, vemos a ocasião em que Saul oferece sacrifícios ao Senhor precipitadamente, sem esperar que Samuel chegasse. Saul sucumbiu a pressão de “perder a confiança do povo”. O texto diz a partir do verso 11: “Então, disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinha nos dias aprazados (…) forcei-me e ofereci holocausto”.
Outra ocasião em que Saul desobedeceu às ordens de Deus foi quando ele tomou despojos dos amalequitas. Eles e tudo o que possuíam deveriam ser totalmente destruídos, pois eram inimigos do povo de Israel. Samuel repreende Saul em nome do Senhor e Saul diz no verso 30 do capitulo 15: “Pequei, honra-me, porém, agora diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel; e volta comigo, para que adore o Senhor, teu Deus”. Saul estava muito preocupado com a opinião dos homens, e pouco interessado em ter comunhão verdadeira com Deus. Ele distorceu a ordem de Deus para agradar ao povo.
A necessidade de afirmação tem sido uma grande cilada nos nossos dias. Alguns homens e mulheres de Deus deixam de servir ao Senhor e começam a servir aos homens. O “mercado gospel” dita às ordens do que deve ser dito, pregado, cantado e vivido. O ponto principal na vida de alguns deixa de ser o centro da vontade de Deus, e passa apenas a vontade dos homens. Nós servimos a quem tememos. Se temermos ao Senhor serviremos ao Senhor. Se temermos aos homens, serviremos aos homens.


Continua…



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